Criança e a Polêmica do Museu de Arte Moderna


Depois de muita polêmica e de fato situações como essas geram um grande desconforto na população vou aqui explicar um pouco da visão do Conselho Tutelar em relação à apresentação do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

É bom esclarecer que aqui que minha opinião pessoal somente será dada no final do texto e os exemplos citados são exemplos das extremidades de pensamento, onde um não se esforça para entende o outro lado, e sobre o que diz a legislação brasileira e caso alguém não concorde com a lei (não sou eu que as criou, nas próximas eleições procure seu candidato e cobre dele para mudar a legislação) é bom frisar que o Conselho Tutelar segue a legislação vigente e tudo que venha a fazer é com base na lei, qualquer ação dos Conselhos Tutelares que não encontrem respaldo da lei são ações fora da lei, o nome deixa bem claro FORA DA LEI.

Vamos entender a situação com as informações já colhidas até agora;

O Museu de Arte Moderna de São Paulo apresentou um espetáculo onde um homem NU imita bichos. Segundo o próprio museu o espetáculo foi apresentado para um público restrito e foi feito uma gravação onde uma mulher toca o pé e a canela do artista e pede para a criança que estava ao seu lado para fazer o mesmo.

Segundo o museu a mulher em questão é a mãe da criança.

O museu relata que a classificação indicativa estava fixada de forma visível no local e deixava claro que o conteúdo do espetáculo continha cena de nudez.

Porque estou colocando isso antes de explicar, porque temos que analisar toda situação e não um único determinado ponto.

Vamos à análise da situação como toda, Seguindo a ordem;

Todo espetáculo deve conter a classificação indicativa de forma visível (Portaria MJ-368/2014 e Estatuto da Criança e do Adolescente Art. 74º – Paragrafo Único).

A classificação é fornecida pelo Ministério da Justiça, por se tratar de espetáculo em Museu o Ministério da Justiça pede para que seja colocada a classificação indicativa seguindo a Portaria MJ-368/2014 e o Guia Pratico da Classificação Indicativa.

Segundo o Museu a classificação indicativa estava fixada de forma visível e informava que havia conteúdo com nudez.

É bom esclarecer que a classificação indicativa é uma RECOMENDAÇÃO para os pais de qual público é propício assistir.

O museu não tem como impedir a entrada de uma criança dentro do espetáculo, caso a mesma estiver acompanhada pelos pais ou responsável devidamente autorizado pelos pais, mais isso não tira a responsabilidade dos pais ou responsável de zelar pelos  integridade física, mental e moral de seus filhos (Art. 8º Portaria MJ-368/2014)

Apesar de muitos chiarem, o primeiro a fornecer educação aos filhos compete aos pais, o estado (governo) entra somente em ultimo lugar na educação, antes do governo ainda temos a comunidade e depois a sociedade no geral para ai sim vir o poder publico (Art. 4º do ECA), já pensou se o governo viesse em primeiro e dissesse que todos deveriam seguir uma determinada religião e quem se opuser estaria descumprindo a lei. Poucos gostariam desta interferência na educação de seus filhos. É o mesmo que acontece quando passa o filme Crepúsculo – Amanhecer Parte 1 na TV, a classificação indicativa é de 14 anos, mas muitos pais se quer olham o conteúdo do filme e deixam seus filhos assistirem por se tratar de uma fantasia, mesmo vendo que não é RECOMENDADO para menos de 14 anos, já tem país que abominam esse filme e jamais deixariam seus filhos assistir.

Isso vai de cada pai, de cada mãe, de cada cultura, tem famílias que não se trocam na frente uns dos outros, já tem famílias que isso é extremamente normal. É neste ponto que quero chegar; o governo através das leis não pode passar por cima das famílias e apresentar um modelo de educação padrão, cabe a cada família decidir o que seus filhos podem e não podem ver.

Voltando aos fatos;

A responsabilidade de a criança ter entrado em um espetáculo onde continha nudez é de responsabilidade dos pais, (Art. 7º III - Portaria MJ-368/2014)
O artista estava ali trabalhando, apresentando seu espetáculo para o público, não tem controle de quem entra ou sai, e em nenhum momento ele se dirige a criança de forma obscena ou faz qualquer incitação sexual, ele estava penas NU.

Temos que pensar no contexto da educação cultural dos pais para a criança, para famílias naturistas tudo que estamos debatendo aqui é bobagem, estamos fazendo tempestade em copo d´água, já para famílias conservadoras tudo que aconteceu ali é uma aberração uma abominação; viu que dependendo do contexto cultural da pessoa o mesmo fato tem sua variação, cito outro exemplo, existem famílias que acham normal levar seus filhos para participar uma roda de candomblé e sair rodando pra lá e pra cá, tem famílias que abominam essa prática; assim como tem famílias que acham normal levar seus filhos a um culto onde o pastor começa a expulsar o demônio da pessoa que fala com voz roca e se contorce todo, neste mesmo contexto tem que pessoas que abominam levar crianças para presenciar essa expulsão, tudo parte do contexto cultural que cada família adquire com o tempo.

Agora sobre o Conselho Tutelar;

Cabe o Conselho Tutelar da região onde mora está criança, entender quem toda situação ao menos os pais da criança foram omissos em relação à classificação indicativa (Art. 98 II do ECA), e deverá notificar a mãe/pai (mães/pais) com base (Art. 136º VII do ECA) e pedir explicações do motivo que levou a levar sua filha a uma apresentação cuja a classificação indicativa não correspondia a faixa etária. Mediante as explicações e aos relatos culturais desta família. o Conselho Tutelar poderá advertir a mãe sob termo de responsabilidade (Art 101 I do ECA), que cabe a eles não expor a criança em locais não indicados. Ou dependendo do relato dos pais aos Conselheiros, podem entender que a nudez é parte comum do dia dia da família, o Conselho Tutelar apenas ouvirá os pais e arquivara o relato.

Em relação ao espetáculo no Museu de Arte Moderna o Conselho Tutelar não poderá atribuir responsabilidades caso seja verídica as informações sobre a fixação da classificação indicativa de forma visível.

(((Opinião)))
Sei que muitos vão dizer que é absurdo, mais o que vocês têm que entender é que cada pai cria seus filhos da maneira que acha mais adequado, se não concorda com o que ocorreu no Museu de Arte Moderna em São Paulo, tudo bem, é só não levar seus filhos, ou você gostaria que alguém chegasse a sua casa olhasse para sua cara e achasse tudo absurdo como você educa seus filhos e acionasse a justiça para prender você e partir daqui educar seus filhos da maneira que a pessoa quer, é um tanto absurdo se isso acontecesse.

O que está faltando é respeito à diversidade, falta respeito em saber que cada um pode ter um time de futebol que quiser, que cada um pode se vestir do jeito que mais lhe agrada, que cada um pode ter a religião que mais se sentir bem, ou não ter religião alguma, respeitar não quer dizer que você concorda ou vai seguir fazendo o mesmo, respeitar é entender que cada um é diferente do outro, assim como você é diferente de mim e eu sou diferente dos demais.

Lembre-se que aqui frisei várias vezes que a questão cultural é opção de cada indivíduo e deve ser respeitado e que dogmas religiosos não são parâmetros para JULGAR ninguém, e que há uma grande diferença entre pedofilia, erotização e nudez, e colocar tudo no mesmo “balaio” é um perigo. O principal de tudo isso é que cabe aos pais a educação de seus filhos, da maneira cultural que eles entendam como correta e ninguém pode se achar o MAIS CORRETO, O MELHOR EDUCADOR DE FILHOS, apenas use situações como essas para orientar seus filhos da melhor maneira.

São Paulo, 01 de Outubro de 2017
Autor: Daniel Crepaldi
Ex-Conselheiro Tutelar
Postagem mais antiga → Página inicial